terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Desgarre o Cisne Negro

Ontem, tarde da noite, fui assistir o filme Cisne Negro.
Antes de sairmos de casa para ir ao cinema, eu e duas amigas estávamos retomando o trabalho de um cartaz para um documentário, e óbvio que depois de algumas horas de trabalho, o cartaz do filme que pensamos em assistir foi motivo de conversa. Rimos da atriz Natalie Portman com uma rachadura feito porcelana, julgamos de extremo mau gosto, tanto que serviu de argumento para Joana não ir. Besteira, fomos sem a Joana.
Em plena segunda a noite, eu realmente não tinha idéia do que viria, pois sempre fui avessa ao balet. Era coisa de menina que gostava de rosa, eu preferia o laranja, fazia aula de expressão corporal, ciranda, subia em árvore e montava pangarés na fazenda. Balet ekat!
No inicio do filme, o sonho de Nina sendo seduzida pela maldição da história do Cisne Negro, o som dos passos do tablado pesando, e sua respiração ofegante como contra-tempo, ocupava o lugar da Sinfonia e me lembrou Inhotim quando ouvi exatamente este som, antes de ver a vídeo-instalação Swoon de Janine Antoni. Pronto, o filme passou a correr em minhas veias, e minha respiração ofegante, entedia o Balet.
Filha de Bailarina, e traços de extrema precisão, Nina exige de si uma perfeição diabólica. Pois o desafio da Peça era a mesma bailarina saber ser o cisne branco e o negro, arrancar da meNina meiga suas penas negras. Suas roupas brancas e rosas que clareavam a tela, foram se acinzentando conforme enfrentava sua meiguice e se livrava da grande expectativa e possessividade materna, em ser ‘aquela” bailarina que a mãe não foi, para ser tornar mãe e envelhecer.
Digo perfeição diabólica, pois Nina, junto com sua meiguice e perfeição, tem uma compulsão por se coçar. Ao passo que suas roupas vão se acinzentando, as coceiras se tornam feridas e suas alucinações emanam de dentro de si penas negras, assim nasce, como um gozo, o cisne negro do corpo de Nina, sendo este o impulso diabólico que sustenta esta perfeição, meiguice e alucinações da bailarina escolhida.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

? É preto, é branco, é contradução, é contradições.

Como é difícil escrever. Alias, é tão delicado. Delicado porque aquilo que é lido é quase de total domínio do leitor, fazer de sua receita possíveis caminhos, penetráveis, interpretáveis, intermináveis. Por mais que se determine as palavras, continuo, é bastante delicado.

Minha amiga está escrevendo um livro didático sobre escravidão, por conseqüência ela achou importante contextualizar os Impérios existentes na África entre os século IV e X; Gana, Mali, Songhai.  Enfim a pesquisa é dela. E determinado ponto de contextualizar todo esse passado com questões atuais do negro no Brasil, lemos, rimos, relemos. Reescrevendo. Para que se encontre a rota precisa do texto, sem ser piegas, sem romantizar a condição e construção da história dos afro-descendentes e defendentes.  Eu disse à minha amiga:

-Pois é Lu, no né facile, a fala tem suas “contraduções”.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

muros


Entre muros,

Lemon Tree,

Muro Israel,

Muro Palestina.

Berlim, muro.

Ah! quase me esqueci, Minhocão.

Grade que  mura.

Muro que cobre e encobre as (des) igualdades.

Muro que nos deixa indiferente.

 

O que será que deu na cabeça do muro? Si erguer assim, tão alto? Para que fazer tanta sombra?

Todo muro que conheço tem passaporte universal, atravessa campo, sobe montanha,  tem muro que toma partido.  Alias, qualquer muro tem partido.

Mas se dizem que protege, a gente se torna partidário. Quem te disse que muro protege?  A segurança falou. Não sei não, acho que a segurança tem medo da vida. 

Sabe, conheço um Cara que deu com cara no muro, pois é.  E eu achei bom.

Muro tem história, Né ?

Como é mesmo aquele muro que atravessa as águas e faz girar turbinas? Esse muro roubou o caminho dos peixes.

Sabe, sei que existe uma escada que é tão forte quanto muro, que num importa que muro que seja,  Israel, Berlim, Tijuana, qualquer muro de rua. Ela atravessa. Num tem medo, sobe mesmo, sobe até muro sem fim. Dá gosto de ver. Essa escada tem nome, é só chamar: curiosidade.

menina


A menina era assim, gostava tanto de tomar banho de chuva, mas tinha medo de amar.

            Não estava aberta, era sempre arisca e agressiva. Tão pouco achava que podia gostar tanto de alguém assim, sempre se imaginava só e completa, sempre na busca de uma solitude, que ela já tinha, e não era isso que ela iria encontrar.

            Nem imaginava que aquele menino, que conhecera por um grande acaso, iria invadir tanto o seu corpo e seu coração. Nenhum dos dois imaginava que uma brincadeira assim, que começou de repente, iria envolver  os dois dessa forma; um alicerce firme com eles.

            O menino, ah o menino foi um guerreiro, ele não tinha medo, queria chamar a menina para ir a uma ilha, que não ficava longe da costa, dava para ver alguns detalhes da praia, mas nem todo mundo conseguia ver a ilha da praia, eles viram. E ele a chamou...

            A menina tinha medo, mas mesmo assim teve um desejo enorme de ir aquela ilha com alguém, mas a menina sentia alguma coisa diferente por aquele menino, não sabia o que era, sentia, era forte.

 

            E ela ficou olhando o chão firme longe, e a ilha ainda longe, só era mar azul, por perto a única coisa firme que ela sentia era a mão do menino, presente, perto, sempre estendida para dar coragem a ela, foi aí que ela começou a perceber que estava amando o menino, sem medo, ia se entregando ao menino e cada vez mais perto da ilha. Mesmo distante da terra, do chão firme, tudo que ela mais queria era estar com o menino e estava. Lá no meio do mar, indo para uma ilha onde só os dois cabiam, sozinhos. A menina sabia que só um coração bem forte a levaria para o meio do mar, longe da terra.

            Hoje, é o menino que está numa ilha, mas não igual a essa que eles foram juntos, ela é grande e cheia de gente, a menina já conhecia, anos antes depois de abandonar as bonecas, ela foi para lá para usar lápis no olha, usar brinco de lua e estrela.

            Ele está muito longe da menina. O menino tinha que ir sozinho era tudo que ele queria. Enquanto a menina sente a chuva cair diferente, molhá-la diferente, cada gota toca uma parte diferente de seu corpo, agora ela deixa a chuva molhar seu coração, lavar sua alma,

A menina sabia que aquela ilha e aquele menino...

ahhh... agora chove diferente na menina...